Diante do risco iminente de fechamento da unidade de Parnaíba da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o presidente do Sindicato do órgão, Raimundo Nonato de Souza Júnior, fez uso da tribuna livre da Câmara Municipal de Parnaíba na sessão ordinária desta quinta-feira (11), para explanar aos vereadores e à população o emblemático caso do órgão federal em Parnaíba.
O uso da tribuna por Raimundo Júnior, que na Embrapa exerce a função de assistente de TI, foi requerido pelo presidente do Legislativo, Carlson Pessoa (DEM), após visita de Raimundo Junior juntamente com o vereador David Soares (Progressista) ao gabinete da presidência no início da semana. Raimundo Júnior participou da sessão via Zoom, assim como os parlamentares da Casa.
Presidente do Sindicato do órgão, Raimundo Nonato de Souza JúniorEm sua fala, ele explanou a importância da Embrapa para a região, principalmente dando suporte aos Tabuleiros Litorâneos, sendo um exemplo na produção de acerola orgânica que é exportada para o exterior, além da produção de diversas outras frutíferas e da bacia leiteira.
Traçando um panorama histórico, o sindicalista lembra que a Embrapa foi trazida para Parnaíba pelo então presidente José Sarney, ao sonhar com um Centro Nacional de Pesquisa de Agricultura Irrigada na cidade. Na época, muitas pessoas mostraram descrédito, mas o presidente bateu o martelo e disse que o órgão seria instalado em Parnaíba. Finalmente no ano de 1986 o sonho do presidente virou realidade. No entanto, seis anos após sua fundação, a empresa perdeu o Centro de Pesquisa Irrigado, havendo uma reforma administrativa e, por falta de força política, o Centro de Pesquisa foi levado para Teresina.
“A partir daquele momento passamos a depender administrativa e economicamente da capital. Nessa época o órgão também sofreu muitas transferências”, lembra.
Em 1995 o então governador Mão Santa, em atendimento às súplicas dos trabalhadores, trouxe o presidente da Embrapa para Parnaíba. O gestor da Embrapa ao observar o enorme potencial da região e as estruturas físicas presentes cancelou de pronto todas as transferências que estavam em vigor na época e ordenou que se traçasse um novo rumo. Diante da decisão, os profissionais puderam trabalhar tranquilamente até o ano de 2000.
“Foram implantadas duas novas atividades. Além da bovinocultura de leite e a fruticultura, além da incorporação da aquicultura e da maricultura. Foi então que em 2013 uma nova chefia assumiu a unidade de Teresina e do Centro Nacional de Pesquisa do Meio Norte. A partir deste momento teve início uma política de desmonte e, em 2018, sofremos mais uma leva de transferências, com pesquisadores e pessoal de apoio indo embora. Se estava na Embrapa de Parnaíba era só pedir e estava liberado”, disse Raimundo na tribuna livre da Câmara.
“Por ocasião da visita do presidente Bolsonaro à cidade em 2019, que sobrevoou a Embrapa e os Tabuleiros Litorâneos e também com a visita da Ministra da Agricultura Teresa Cristina e do presidente da Embrapa, tivemos nossas esperanças renovadas com a promessa do presidente Bolsonaro de que a Embrapa de Parnaíba seria revitalizada. No entanto, nossa unidade ficou cada vez pior”, completou.
A unidade da Embrapa de Parnaíba nos últimos cinco anos produziu 35 tecnologias que foram geradas e estão sendo aplicadas nos Tabuleiros Litorâneos. Destacam-se os projetos com acerola, caju, melhoramento genético do camarão e sisteminha Embrapa. São 25,5 hectares de projetos instalados no campo, a 2° Etapa dos Tabuleiros Litorâneos com 3.500 hectares; há no terreno da Embrapa 2.500 m² de área construída, de prédio com laboratórios, salas, oficinas e salas de convivência. Ou seja, a unidade é toda estruturada.
“Se as transferências continuarem, os nossos três pesquisadores que ainda permanecem na unidade não terão mais nem condições de continuar tocando os projetos que estão em andamento. Muito menos tocar os projetos que deverão vir com a revitalização. O chefe técnico, em despacho, afirmou que as transferências foram determinadas pelo presidente da Embrapa”, disse Raimundo Júnior. “Se estas transferências se concretizarem, e a unidade ficará somente com cerca de 20 funcionários, com a imensa demanda que temos, com o Distrito Irrigado do lado, a maior bacia leiteira do meio norte, não conseguiremos suprir essa demanda. Os funcionários da Embrapa de Parnaíba estão em sofrimento. Temos colegas de trabalho com depressão, pois não há diálogo com nossos superiores”, lamentou.
Carlson disse que a partir da fala do presidente do Sindicato, a Câmara fará um documento a ser encaminhado ao presidente Bolsonaro em caráter de urgência.
“Iremos lutar pela nossa Embrapa. Não deixaremos tirarem a unidade daqui, a exemplo do que fizeram com a Academia de Polícia”, informou o presidente da Casa ao informar ainda que será feita uma audiência pública para debater o assunto.
O deputado federal Átila Lira (PP/PI), que de Brasília acompanhava a transmissão ao vivo da sessão, ligou para o presidente Carlson Pessoa para pedir o contato de Raimundo Júnior e informar que levará o levante dos servidores da Embrapa para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina e para o senador Ciro Nogueira.
Ascom / CMP
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