O Navio do Sal, ou como era conhecido popularmente como
Barca do Sal,foi parte de um projeto audacioso do então governador do Estado do Piauí, Alberto Tavares Silva.
Além de Governador, Alberto Silva era um engenheiro com ideias geniais que, para alguns, nessas ideias havia um pouco de loucura.
A Barca do Sal serviria para integrar o Piauí aos demais estados nordestinos, bem como ao Brasil Central, e nisso tinha a missão de trazer desenvolvimento ao Estado, bem como resgatar a navegação do rio Parnaíba - o segundo maior rio do Nordeste e o primeiro genuinamente nordestino.
A navegabilidade do rio Parnaíba era um fato que trouxe, no século XIX e início do século XX (mais precisamente em abril de 1859 perdurando até por volta de 1940) riqueza para o Estado do Piauí, visto que navios europeus navegavam pelo rio e propiciavam as trocas comerciais com aquele continente.
Assim, visando retornar a utilizar o rio Parnaíba como via de desenvolvimento, em 10 de maio de 1988 o navio graneleiro Comandante Fausto Fernandes Silva - a Barca do Sal - partiu do Porto de Parnaíba e navegou inicialmente pelo rio Igaraçu, braço do rio Parnaíba, numa velocidade de km/h, carregado com 200 toneladas de sal.
O destino era a cidade de Guadalupe - Piauí, e se estimava em cerca de 10 horas de viagem, com a primeira parada na cidade de Luzilândia, Piauí, e passagens por várias cidades, dentre elas Porto, Miguel Alves, David Caldas, União e Teresina.
O Navio do Sal estava equipado com um aparelho importado chamado de Ecobatímetro, que se encarregava de fazer uma varredura do caminho cerca de 20 metros à frente da embarcação.
A integração proposta visava o transporte fluvial de cargas de sal do litoral piauiense para a capital do Estado - Teresina. Desta, partiria com cargas diversas rumo ao extremo sul piauiense e de lá traria calcário, arroz, minérios, bem como outros produtos quando de sua viagem ao Brasil Central.
O responsável pela construção do navio foi o engenheiro Vidal, que segundo suas palavras o projeto do navio visava "construir um sistema de embarcação para o rio Parnaíba e não projetar e construir o rio para uma embarcação". Isso era, na verdade, um sonho de criança do então governador do Piauí, Alberto Tavares Silva, que agora, já crescido, sonhava integrar o Piauí ao Brasil Central.
Em 18 de maio de 1988, a Barca do Sal já havia passado pelas cidades de Luzilândia, Porto, Miguel Alves e União.
Apesar de já haver navegado bastante, os problemas começaram a surgir: encalhamentos, devido ao assoreamento do rio, obrigaram a distribuir quantidades consideráveis de sal aos moradores ribeirinhos.
A fim de evitar maiores problemas, uma pequena embarcação - a lancha da Capitania dos Portos - seguia à frente da Barca do Sal fazendo medições constantes em relação à profundidade do rio.
No dia 21 de maio de 1988, a Barca do Sal já se aproximava da capital piauiense, estando cerca de 20 km de distância desta.
Aqui a embarcação ultrapassa um dos locais mais temidos pela tripulação - a região da CONVAPI. No entanto, um novo problema surge: faltou compressão para injeção de óleo nas marchas dos motores!
Mas, enfim, chegou a embarcação em Teresina, depois de treze dias de viagem por cerca de 500 km num rio que não era navegado há mais de 40 anos.
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