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sexta-feira, 5 de março de 2021

Conheça algumas figuras folclóricas da história de Parnaíba

 

































O conjunto de 27 PoeMitos da Parnaíba retrata figuras populares, pitorescas, excêntricas e jocosas da cidade, mas sempre no que elas tinham de mais comovente e de mais humano. Essas personagens entraram para a história porque fizeram parte da paisagem da velha urbe. Muitas ainda vivem no imaginário popular, quase como figuras lendárias, mitológicas.

Conheça abaixo algumas dessas personagens:

Alain Delon

Situava-se entre o feio e o horrível

mas se dizia BG: bonito e gostoso.

Metido a conquistador de mulheres

conseguia o inverso efeito:

as mulheres – lebres assustadas –

de Alain Delon fugiam.
Se Alain Delon muito fosse

Alain Delonge seria.




Derocy
Derocy, Ofélia da Parnaíba,

não era um orador oral:

era um orador boçal

em seus discursos bestialógicos,

ilógicos, escatológicos. Tirava

do sério o homem sério quando

disparava seus disparates.






Simplição

Não o Dias da Silva,

mas o Long John da Parnaíba,

o terror da mulherada,

pé de cana e pé de mesa,

concorrente de jumento e garanhão.

Só pegava mulher novata,

desconhecedora da fama de seu

alopramento descomunal.

A cama se transformava

no altar do sacrifício da mundana,

segura a pulso como uma potra bravia.

Processado pela noiva descartada

após quarenta anos de noivado.

(A noiva não sabe a sina

de que terá escapado.)



Bernardo Carranca

Bernardo Carranca

com sua carranca de artesanato

artefato – mas não

arte de fato – de cantor/ator/à toa

atropela uma música

com seus gemidos e grunhidos e ganidos.

E canta: “De noite eu rolo

na cama...” E sai rolando, se enrolando

se contorcendo e se retorcendo pelo salão

por entre mesas e pelo chão

– bailarino de mola

sem molejo de cintura –

criador e criatura

de sua própria loucura.



Maria Onça
– Maria Onça!

– Onça é a tua mãe,

filho de uma égua.

A cara feia de Maria

transformava-se na

carranca de uma onça.

Não de uma onça pintada,

não de uma onça rajada,

mas de uma onça

pobre, feia e desbotada.

E Maria Onça seguia

como um bicho acuado

por entre os apupos

da molecada.

E Maria Onça chorava

no meio da molecada.



Professor Amstein

O professor Amstein,

com seu vasto bigode

e densa barba ruiva,

alto, forte, avermelhado,

chegou a Parnaíba montado

no árdego Pégaso da mistificação.

Assumiu emprego no

Ginásio Parnaibano e na Escola Normal.

Professor de desenho geométrico e matemática,

fazia suas métricas e matemágicas

em suas fantásticas e fantasiosas histórias.

Engenheiro e da Suíça, era um verdadeiro

canivete suíço: polivalente, pau para toda obra,

homem de sete ou mais instrumentos, substituía

qualquer dos professores faltosos.

Novo Barão de Munchausen

recheava suas aulas e recreios

com seus anedóticos e mirabolantes “causos”,

menino grande entre os demais meninos,

“barulhento, inconsequente e brincalhão”,

no dizer do ex-aluno Renato Castelo Branco.

Para sempre restou em sua mente a saudade

de Edelweiss, a divina e linda nívea flor dos Alpes.



TEXTO: Elmar Carvalho
CHARGES: Gervásio Castro


Superintendência Municipal de Cultura

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